Emile Gallé e o Rio de Janeiro
Émile Gallé, vitralista francês e um dos grandes expoentes do estilo art nouveau, trabalhou com vidros opacos e semitransparentes e ganhou fama internacional pelos motivos florais. A principal temática de sua obra foram as flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas de vidro, técnica por ele desenvolvida que trabalhava a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX traz especificamente paisagens tropicais inspiradas no Rio de Janeiro.
“Para o europeu, o Rio de Janeiro de 1900 era puro exotismo. Paradisíaca, a cidade-selva oferecia sensualidade à civilização que surgia. A topografia única, exuberante, em todas as tintas, mergulhava na folia libertina do carnaval carioca. Um sonho.”
“O maior vidreiro da França, Emile Gallé ( 1864-1904 ), natural de Nancy, também deve à Cidade Maravilhosa parte da inspiração de sua obra magnífica. Criou uma série intitulada Gallé Rio, onde explorou na técnica de cameo todos os efeitos de transparência e opacidade do vidro para dar vida à fauna, à flora e à paisagem carioca que o apaixonou.”
“Gravados em vasos que variavam de 6 a 60 centímetros, com camadas de duas a seis cores, incluindo nuances que representavam as brumas ao amanhecer, e fornecendo detalhes minuciosos do casario e vistas do Pão de Açucar, da Baía de Guanabara, do Corcovado e da Pedra da Gávea, esses panoramas eram ainda decorados com gaivotas e espécies vegetais típicas da região, como palmeiras, fícus e agaves.”
“Algumas dessas preciosidades, tão requintadas, eram vendidas como joias, em caixas forradas de sêda, nas melhores joalherias da Europa. Os estabelecimentos Gallé fecharam em 1931. Mas a lenda de sua paixão pelo Rio permanece viva nessa obra máxima da arte em vidro que são, como dizem os franceses, os raríssimos Gallé Riô”
Fonte: Casa Vogue / Texto: Cynthia Garcia